sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Faixa 1: Impopos - "Não"

Impopos (1999):
Voz - João
Guitarra - André Quaresma
Baixo - Zé Casimiro
Bateria - Kiko
Piano / Percussão - Filipe Sousa
O que mais houver - Nic
Nota: Esta versão do Não só tem voz, guitarra, baixo e bateria, por motivos que se explicam abaixo.


Os Impopos foram a minha primeira banda com ar de quem "um dia ainda há-de ser a sério, se continuarmos a brincar e tivermos sorte com a direcção do vento". Para explicar como surgiram é preciso ir mais atrás, aos primeiros tempos da Alapraia e ao dia em que eu, o André, o Kiko, o Chaves, o Roger, o Freitas, o Trêpa, o Ruben, o Edgar, etc etc, formámos essa grande filarmónica que eram os Overgreg.
Os Overgreg tinham mil membros, mas apenas uma viola, uma guitarra eléctrica, um caixote do lixeo de metal a fazer de bateria e um teclado do qual só funcionavam três teclas. A única música alguma vez feita pelos Overgreg (onde ninguém sabia quem tocava o quê, mas suspeitávamos) foi uma coisa que nunca teve letra e era espantosamente parecida com o "Winner Looses" dos Body Count.
Eventualmente saímos da Alapraia, e como já éramos adultos já não podiamos brincar às bandas, por isso acabaram-se os Overgreg (ou as referências aos Overgreg, mas isso falhou, porque ainda falamos disso).
Acabaram-se os Overgreg e começaram as bandas mais a sério. O Kiko e o André formaram os Micky8 com o Barrigas, a Joana Anta e o Zé Casimiro. Correu tudo bem (a banda durou até 2004, se não me engano), mas era pouca palhaçada. Precisavam de outra coisa.
A oportunidade surgiu com o "Estrelas tu, Estrelo eu", o concurso de bandas do Liceu de São João, que tinha sido suspenso durante um ano por uma das edições ter acabado com a policia a entrar na escola. Não há cenário melhor.
Faltavam duas semanas e o André perguntou-me se eu queria fazer uma banda com ele. Eu aceitei logo, obviamente, porque já estavamos habituadissimos a escrever e a tocar juntos, por isso ia ser fácil. Os outros membros surgiram do grupo clássico, acho que ainda antes da hora do almoço (já não sei como chegámos ao Zé, mas sei que ele também não deu muita luta).
Os Impopos tornaram-se um mito na minha geração em São João: a melhor banda de sempre, que só aparecia uma vez por ano. Isto porque nenhum de nós queria dar cabo dos estudos, então não davamos concertos. A verdade é que em São João na altura só havia três tipos de música: hardcore, hip-hop e ska. E nós não tocavamos nenhum dos três.
Participámos na categoria de originais duas vezes, ganhámos as duas. Nesses dois anos ganhámos também cover duas vezes (LSD 25 e um Gajo muita fixe) e fomos segundo lugar em playback total com os Europe "The Final Coutdown". Pelo caminho houve uma festa de Natal da escola em que nós só parámos de tocar quando a sala estava literalmente sem pessoas. Mesmo. Eu é que decidi quando acabava a festa, porque vinhamos de duas vitórias em dois anos no Estrelas e estava na altura de ter uma atitude. Nós sabiamos que estavamos para último, então quando a música feita de véspera (como eram todas as de Impopos) entrou na sua última frase, repeti-a até à exaustão ("sem finaaaal, sem finaaaal") e comecei a acenar às pessoas para que se fossem embora. Não quero mentir. Sei que saiu muita muita gente da sala quando comecei a acenar.
O "Não" foi a primeira música que tocámos ao vivo: a presidente do júri era a senhora que fazia a voz da Moulinex, e ganhámos com grande margem sobre os outros. Foi um orgulho, porque eu nunca tinha pensado aguma vez cantar ao vivo e tinhamos conseguido criar um ambiente único, com os fatos aos 16 anos e conversas a meio das músicas.
Na altura eles preferiram investir em Micky8, mas sempre lhes disse que Impopos é que era. Hoje concordam comigo. Não há rancores de não termos seguido com a banda: ficámos com óptimas "fotografias" e em 2011 já temos tudo combinado para gravar um segundo álbum, seis anos depois do primeiro (do qual constam cinco músicas).
Esta versão do Não foi gravada em 2004, no challet, numa única noite, duas semanas antes de eu ir para Madrid. Foi tudo gravado à pressão, e não é a versão final. Essa está em casa do Flip há séculos: tem um solo magistral do André, um bom piano do Flip, e há até uma versão deluxe em que a mãe do Flip canta.
Mas esta é a que tenho. Espero que gostes. É uma critica às aparências na sociedade :D

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